segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

O tempo passa...

O tempo passa e quando percebemos é tarde demais.

No começo era bom. Escrevia muito bem, o texto fluia sem qualquer dificuldade. Não precisava de tema nem de incentivo, a vontade de escrever era grande. Lembro-me muito bem que no colégio ainda, na 5ª série, ganhei alguns concursos da sala com as minhas redações.

Mas o tempo passou. Aquela inocência da infância foi dando espaço ao amargor e sofrimento da adolescência, os estudos tomaram conta e o curso de Direito bateu o último prego no caixão. Nunca vi um curso tão nocivo para a literatura, para o escrever livre e desimpedido! Hoje escrever é uma luta, seja pela briga com o tempo e disposição, seja  pelos inúmeros questionamentos jurídicos que decorrem da escrita. A liberdade desmedida e descompromissada deu espaço a um texto pesado, medido, medroso, enfim, artificial até onde não pode mais.

A ideia que fica é de que tudo é repetição. Não há nada inédito, tudo aparenta ser uma mera colagem de temas, ideias e linhas de raciocínio. Tudo foi escrito, essa é a impressão que fica.

Hoje, ainda consigo escrever alguma coisa. Não possuo mais a leveza da linguagem, o descompromisso da forma e a criatividade de outros tempos. Falta o frescor, o que só acontece com o passar dos anos e as preocupações, decepções e amarguras da vida. Não que eu possa reclamar, pelo contrário. Se olho tudo o que tenho hoje, o que sou, o que construí, só me resta ajoelhar e agradecer muito a Deus pelo que me proporcionou nesta vida. Mas, como diz o ditado, "a grama do vizinho é sempre mais verde"...

Tem hora que a vontade vem forte, e dá um ânimo danado de sentar na frente do computador (e antigamente era manuscrito!) e escrever sem parar. Mas a televisão, o choro do bebê, a fome e a preguiça dominam e a vontade passa, tão rápido quanto a de trabalhar...

Pena que o tempo passa! Talvez ainda exista uma esperança. O blog é para mim uma porta para recuperar o tempo perdido. Pode ser que funcione, desde que eu consiga manter uma frequência razoável de produção. O esforço é grande e a disponibilidade de tempo é pequena, mas acho que dá para arranjar uma saída.

O tempo passa sim, mas não acaba.

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