terça-feira, 29 de outubro de 2013

Incoerências (1)

Fico pensando como o ser humano é incoerente. Por vezes, discute-se profundamente por bobagens,m demanda-se tempo, dinheiro e a boa vontade alheia para nada de relevante. Outras vezes, assuntos sérios não são aproveitados, não atingem o ponto de debate sério e relevante que a questão demanda. Coloco isso em relação à causa homosexual. Muito se faz, a ponto de hoje beirarmos a ditadura da homosexualidade, quando, ao se misturar com o politicamente correto, criou-se a noção de qualquer comentário é homofóbico. Enquanto isso, uma programação de qualquer espécie em que tudo dá errado é chamada de "programa de índio". E ninguém vê o preconceito, o racismo vergonhoso nessa expressão. O por quê disso? Só por causa da ideia que tive recentemente. Acho a expressão "sair do armário" algo fora de propósito, sem muita lógica. Não abrange a verdadeira conotação do se assumir homosexual. Não dá a dramaticidade que a questão envolve. O certo, na minha visão, seria uma pessoa, ao se assumir perante tudo e todos, com toda a coragem que esta decisão requer, ser apontada na rua, ter notícias publicadas a este respeito com a seguinte expressão: "saiu da penteadeira". Muito mais lógico e coerente. Aguardemos as críticas e eventuais processos.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Sociologia do Batman

GENIAL
DO Zédassilva

A bicicleta como prova da burrice humana

Nada contra bicicletas até mesmo porque já tive três na minha vida. A da primeira infância, herança de família, a da segunda infância, presente desejado de Papai Noel e a última, já na vida adulta, como uma tentativa desesperada de buscar alguma melhora física, o que não foi possível em razão dos compromissos profissionais que me afastaram do pedalar.

A bicicleta é um transporte muito democrático, uma vez que podemos encontrá-las pelo preço que estivermos dispostos a pagar. Desde uma magrela de segunda mão até a de último tipo com marca de automóvel (BMW, Porsche, Audi), toda pessoa encontrará uma ao alcance do seu bolso.

Infelizmente não há espaços adequados para se andar de bicicleta. Na esmagadora maioria das cidades não há ciclovias, e quando as há, são em trechos curtos, insuficientes para atender às necessidades da população. E é nesse momento que a improvisação dá espaço aos atos de estupidez. Vamos a eles.

BURRICE UM - Disputar espaços com outros veículos
Há uma crença popular de que a bicicleta, assim como as carroças, teriam o direito de ocupar as pistas destinadas ao tráfego de motos, carros, caminhões e ônibus. Ledo engano.
Bicicletas não poderiam ocupar esses espaços em igualdade de condições não porque não são veículos automotores, mas pelo simples fato de não atenderem às normas básicas de segurança como uso de retrovisores, exigência de capacete e indicativos de presença como luzes piscando, entre outros. Não adianta, não tem como um veículo sem o uso de instrumentos de segurança querer ocupar os mesmos espaços.
De outro lado, além da falta desses elementos, as bicicletas não se sujeitam às normas de trânsito pelo simples fato de não serem registradas como os demais veículos! Tratam-se de um ser estranho, uma vez que querem ocupar os mesmos espaços, mas não se sujeitam às mesmas regras, no tocante à segurança e normas de regulamentação de trânsito. Há como multar um ciclista que avance sinal? Há como punir um "bicicleteiro" (equivalente ao motoqueiro-motociclista) pelos seus arroubos no trânsito? Não. Se até mesmo reboques são obrigados a serem emplacados, o que dizer das magrelas?
Finalmente, temos os limites de velocidade. Qualquer semianalfabeto candidato a CNH sabe que as vias possuem limites máximos de velocidade e MÍNIMOS TAMBÉM. É impossível a uma bicicleta se inserir no tráfego atendendo aos limites de velocidade. Mas sempre haverá uma voz para se levantar e declarar que há bicicletas muito velozes. Claro que há! E se você conseguir andar nesse ritmo, pode se inscrever no "Tour de France" e buscar um prêmio lá! Sem falar que a velocidade exigida será alta e a falta de equipamentos de proteção transformarão esse "bicicleteiro" em estatística de acidente de trânsito fatal...

BURRICE DOIS - Não ocupar os próprios espaços
Nessa situação vemos a prova cabal da estupidez humana. Não satisfeito em disputar espaços com veículos automotores, o infeliz a bordo de uma bicicleta simplesmente A D O R A desfilar ao lado de uma ciclovia! Não digo ciclovia na pista oposta, porque seria exigir demais do cidadão, mas trafega no asfalto ao lado da pista existente para ele! Isso embora a pista específica esteja em boas condições, sem buracos, sinalizada (se bem que é pedir demais ao sujeito estabelecer mão e contra-mão) e iluminada.
E não adianta você piscar farol, buzinar, porque o máximo de resposta será um gesto obsceno em sua direção. Além de burros, mal educados.
Para mim, o sujeito que ignora uma ciclovia, ou ciclofaixa, teve sérios problemas de oxigenação no cérebro quando nasceu, porque é inadmissível o indivíduo abrir mão de seu espaço, seguro e demarcado, e tentar a sorte no meio dos outros veículos sabidamente mais velozes do que ele.

Quer andar de bicicleta? Amarre a sua no suporte em seu CARRO e vá passear no parque!

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Os famosos só morrem no final do ano

Não adianta, todo ano é igual. A partir de novembro, é uma sucessão de mortes que parece não ter fim.

Há anos constato esse fato: morrem mais pessoas famosas no final do ano do que nos outros dez meses. A impressão que dá é a de que essas pessoas não aguentam a tensão e o desgaste do final de ano e resolvem fugir dos problemas morrendo. Onde passar o Reveillon? Infarto. Natal na casa de quem? Câncer. Especial de fim de ano? Acidente de carro. E por aí vai.

Claro que ao longo do ano sempre morre gente, mas os do final de ano capricham. São sempre mortes inesperadas, dramáticas e surpreendentes. Quem imaginaria que Sócrates, que esteve à beira da morte, iria morrer em consequência de uma salmonela sem vergonha de um restaurante caro? Ou que o ditador da Coréia do Norte infartaria a duas semanas do final de ano? Talvez você esperasse que o Joãozinho (sem esse "s" aviadado no meio do nome) Trinta finalmente seria derrubado pela isquemia e problemas de anos a fio? Duvido! O homem esteve muito pior antes, não era agora que seria a hora dele.

Mas não. Famosos causam impacto até na morte. Nos surpreendem, nos chocam e nos emocionam. E, claro, todos se transformam em excelentes pessoas após o passamento. O ser humano tem esse condão de encontrar a bondade após o enrijecimento do cadáver, e não antes. Fazer o que?

Só falta agora esperar a tragédia de janeiro, mês conhecido pelas chuvas que todos os anos causam estragos, mas que a cada ano abalam um lugar diferente. Aí, nos plantamos na frente do sofá e acompanhamos com a morbidez que nos define as imagens da destruição, o drama daqueles que perderam tudo e a eterna negligência das autoridades para evitar a tragédia anunciada.

Mas isso é tema para outro momento.

O tempo passa...

O tempo passa e quando percebemos é tarde demais.

No começo era bom. Escrevia muito bem, o texto fluia sem qualquer dificuldade. Não precisava de tema nem de incentivo, a vontade de escrever era grande. Lembro-me muito bem que no colégio ainda, na 5ª série, ganhei alguns concursos da sala com as minhas redações.

Mas o tempo passou. Aquela inocência da infância foi dando espaço ao amargor e sofrimento da adolescência, os estudos tomaram conta e o curso de Direito bateu o último prego no caixão. Nunca vi um curso tão nocivo para a literatura, para o escrever livre e desimpedido! Hoje escrever é uma luta, seja pela briga com o tempo e disposição, seja  pelos inúmeros questionamentos jurídicos que decorrem da escrita. A liberdade desmedida e descompromissada deu espaço a um texto pesado, medido, medroso, enfim, artificial até onde não pode mais.

A ideia que fica é de que tudo é repetição. Não há nada inédito, tudo aparenta ser uma mera colagem de temas, ideias e linhas de raciocínio. Tudo foi escrito, essa é a impressão que fica.

Hoje, ainda consigo escrever alguma coisa. Não possuo mais a leveza da linguagem, o descompromisso da forma e a criatividade de outros tempos. Falta o frescor, o que só acontece com o passar dos anos e as preocupações, decepções e amarguras da vida. Não que eu possa reclamar, pelo contrário. Se olho tudo o que tenho hoje, o que sou, o que construí, só me resta ajoelhar e agradecer muito a Deus pelo que me proporcionou nesta vida. Mas, como diz o ditado, "a grama do vizinho é sempre mais verde"...

Tem hora que a vontade vem forte, e dá um ânimo danado de sentar na frente do computador (e antigamente era manuscrito!) e escrever sem parar. Mas a televisão, o choro do bebê, a fome e a preguiça dominam e a vontade passa, tão rápido quanto a de trabalhar...

Pena que o tempo passa! Talvez ainda exista uma esperança. O blog é para mim uma porta para recuperar o tempo perdido. Pode ser que funcione, desde que eu consiga manter uma frequência razoável de produção. O esforço é grande e a disponibilidade de tempo é pequena, mas acho que dá para arranjar uma saída.

O tempo passa sim, mas não acaba.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Preconceito I











Preconceito há, e das formas mais variadas possíveis. Apresente uma pessoa íntegra, correta, honesta, de reputação moral ilibada e eu duvidarei que ela exista! Brincadeira.

Qualquer pessoa, por mais correta que tente ser, traz em seu patrimônio genético um ranço, uma carga de preconceitos que não será a mais devastadora onde de politicamente correto que fará sumir a carga latente em nós para sermos preconceituosos.

Coisas simples, como a popular expressão "programa de índio", "deu branco", e outras mais, de tão consolidadas que estão no nosso universo diário não serão descartadas de uma geração para outra, quanto mais no tempo atual. Não adianta, não se mudará com poucos anos.

Se até hoje há idiotas que veneram Hitler e sua política vesga (outro preconceito) de "limpar a raça" (detalhe: como um austríaco conseguiu governar a Alemanha?), não será por meio governamental (leia-se legislação) que se encerrará com séculos de preconceitos.

Enquanto a máquina de chapinha for a melhor amiga da mulher, e se vender tintura loura no Brasil, o preconceito racial perdurará. Se não houver um direcionamento único sobre de que forma devemos tratar o preconceito, ficaremos presos a movimentos isolados e tão preconceituosos quanto o aquele que pretendem exterminar.

Experimente usar uma camisa com os dizeres "Orgulho Branco", ou tente instituir um "Dia da Consciência Suíça" para ver o que acontece, seu racista degenerado e violador dos direitos da minoria!

Houve muito avanço, mas de fato ainda há muito a ser percorrido. O que temos hoje é o racismo ao contrário. Ninguém chama outra pessoa, ou faz referência a ela como "preto", "negro" e congêneres. É sempre o "moreno", ou, para os mais corajosos, "moreno escuro". Tudo por puro medo de não saber lidar com o fato de que a pessoa é negra, e que não tem o menor problema em chamá-la assim. O preconceito não está na cor, mas na forma como a tratamos.

De outro lado, todo asiático é "japonês" e os brancos só são chamados de forma pejorativa, como "branquelo", por exemplo ou "pimentão" quando vai para a praia. E não se vê reação contra esse tipo de atitude. É preciso escancarar a coisa e parar com a falsidade. Precisamos eliminar TODA forma de preconceito, ou isso não vai dar certo. E não há que se falar em minoria, ou classe pobre como justificativa para tratar primeiro de um tipo de racismo e depois de outro. Somos todos humanos e todos iguais. Ou o racismo é combatido severamente em todas as frentes, ou nunca acabará.