domingo, 6 de novembro de 2011

Futebol I


O Campeonato Brasileiro 2011 aproxima-se da reta final. A competição ainda está em aberto, não se sabendo com certeza quem vai ser campeão, tampouco quem serão os rebaixados. Até o América-MG tem chances matemáticas de escapar da degola, então ninguém está a salvo!

Mas o interessante do futebol é a sua falta de lógica. Não entendo, embora seja eu mesmo torcedor, qual o sentido de se torcer para um time de futebol. Não podemos falar em "time" porque os jogadores que estão defendendo aquele clube hoje, ano que vem poderão estar em adversários históricos, e ganharão a alcunha de "mercenários". Ou seja, hoje defendo o Atlético-MG e ano que vem o time azul (me recuso a escreve o nome!), então, embora seja natural a qualquer cidadão mudar de emprego para ganhar mais, o futebol não parece admitir a busca pela melhor oportunidade. Para um jogador de futebol, um time é apenas um emprego, o lugar em que ele pode trabalhar com sua arte (?) e ganhar dinheiro.

E eu ainda torço para ele! O fulano que hoje é o craque do meu time, capaz de jogadas maravilhosas, ano que vem será alvo da minha ira, estendida à sua santa mãezinha, caso tenha a audácia de marcar um gol contra o meu amado tíme! Não há sentido em torcer para um time que não é composto por um elenco fixo, ou seja, que possui efetivamente uma identidade coletiva. Mesmo assim somos capazes de adjetivar nossos times, como sendo "de garra", "de chegar pressionando sempre", "de decidir a partida no final", como se aquela coletividade vestida da mesma forma tivesse algum sentido.

Não há notícias de ninguém que tenha ido contrariado para outra empresa, exercendo o mesmo cargo, e que tenha o feito com a sensação de cometer uma verdadeira traição. Cobramos dos jogadores aquela fidelidade canina que temos pelos nossos times. Nos esquecemos que assim como corremos para tirar o uniforme da empresa quando chegamos em casa (ou alguém vai a um churrasco de final de semana com a camisa da empresa?) para o jogador aquilo ali é um emprego, um trabalho, e nada mais. E ainda assim cobramos do jogador uma identidade com o time que cada um de nós não tem com o próprio trabalho.

Queria ver o indivíduo que chama um jogador de "pipoqueiro", "mercenário", entre outras gracinhas, tatuar no braço o logo da empresa, usar a caminsa dela nos finais de semana ou sair buzinando pela rua afora caso a firma ganhe algum prêmio. É muito fácil criticar quem está ali a trabalho, e não por diversão e amor.

Se não podemos falar sequer que torcemos por um grupo de jogadores, quanto mais temos o direito de alegar que torcemos para uma camisa, pois, com a força dos fabricantes de material esportivo, nem mesmo o manto sagrado tem sido o mesmo. Ano após ano mudam-se as padronagens, nos obrigando a adquirir uma nova e cara camisa. Nem a ela somos fiéis, já que mudam com tanta frequência. E ainda temos que engolir as combinações definidas por um sujeito que sequer torce para o meu time, que não sabe da nossa história, de como foi sofrido aquele título de anos atrás e que é o detentor do poder de mando e veto na definição do que será o manto sagrado que usarei com orgulho! Nem isso eu posso definir!

Realmente, olhando por estes ângulos, futebol está longe de ser uma coisa lógica.

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